• Zenon: "A ditadura militar nos ameaçava. Por sermos da democracia corintiana"

  • 2024/11/05
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Zenon: "A ditadura militar nos ameaçava. Por sermos da democracia corintiana"

  • サマリー

  • A vida de Zenon é digna não de um filme.

    Mas de uma série, com vários episódios.

    Nascido em Tubarão, interior de Santa Catarina, tinha oito irmãos. Família muito pobre, sua casa foi montada com doações de clientes da farmácia onde seu pai trabalhava. Para ajudar na despesa, saía atrás de carcaças de bois. Ainda criança, arrancava ossos dos animais mortos e vendia para uma fábrica de botões.

    "Nunca tive medo de trabalhar. E sempre confiante que a vida iria melhorar. Desde que eu não ficasse esperando de braços cruzados."

    Zenon tinha um talento nato para jogar futebol. Sua vida mudou quando foi acompanhar um treino do Hercílio Luz, time da cidade. "Iria pegar a bola atrás do gol. Gandula. Até que no treino faltou um jogador. Me chamaram. Estava descalço. Me deram um par de chuteiras. Nunca mais as tirei do pé. Nasci para ser jogador."

    A carreira foi fulminante. Hercílio, Avaí e foi contratado pelo Guarani. Formou o melhor time da história do clube de Campinas. "Foi um casamento perfeito de talentos desacreditados. Jovens da base com atletas ávidos por ganhar espaço. Com a ousadia do nosso treinador Carlos Alberto Silva. Surpreendemos a todos. O Guarani foi campeão brasileiro de 1978, com méritos. Éramos melhores do que todos. Jamais um time do Interior havia conquistado o título nacional."

    Zenon era o maestro do time. Teve propostas da Itália, Colômbia, Estados Unidos, Canadá. Não resistiu a uma que triplicaria seu salário. O do Al-Ahli, da Arábia.

    Estava muito bem por lá. Tanto que o Internacional iria comprá-lo. Mas o histórico presidente Vicente Matheus foi até Riad. E deu um 'chapéu' no clube gaúcho. E o levou para ser o grande armador do Corinthians, da Democracia Corinthiana. Viveu momentos inesquecíveis com Sócrates, Casagrande, Wladimir. Viu nascer o movimento no vestiário. Com Sócrates, Washington Olivetto e Adilson Monteiro Alves. "Foi sensacional um clube popular de rebelar contra o regime. Os jogadores terem liberdade e pedirem liberdade ao povo, em plena ditadura. O movimento morreu porque os outros clubes não aderiram." E lembra do clima tenso. "Recebíamos ameaça da Ditadura. Vinham bilhetinhos avisando para a gente falar menos. Mas seguíamos falando. Até mais."

    Zenon jogava cada vez melhor. Mas teve um adversário inesperado. Telê Santana. "Cheguei a ser capitão da Seleção, com Cláudio Coutinho. Mas o Telê me perseguiu. Fui injustiçado. Ele me tirou duas Copas do Mundo. Estava voando em 1982 e 1986. O meu pecado era marcar gols nos times que ele treinava."

    Rubens Minelli o prejudicou também, o tirando do Corinthians. Foi ser campeão no Atlético Mineiro, na Portuguesa, no Guarani (de novo), no Maringá, no São Bento.

    Zenon se tornou um excelente comentarista. Mas pagou caro por ser verdadeiro. Não teve seu contrato renovado pelo Sportv. A desconfiança geral é que sua saída estava amarrada às duras críticas que fez ao Flamengo. "Não posso dizer que foi isso, porque não sei. Só posso dizer que estava cotado para comentar na Globo. E de repente, não renovaram meu contrato."

    Ninguém diria que Zenon está com 70 anos. Segue com o mesmo corpo de quando era jogador. Continua a jogar futebol, futevôlei. Trabalha em Campinas como comentarista. E mostra surpreendente talento como cantor.

    A entrevista é um mergulho na alma de um dos grandes talentos do futebol deste país.

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あらすじ・解説

A vida de Zenon é digna não de um filme.

Mas de uma série, com vários episódios.

Nascido em Tubarão, interior de Santa Catarina, tinha oito irmãos. Família muito pobre, sua casa foi montada com doações de clientes da farmácia onde seu pai trabalhava. Para ajudar na despesa, saía atrás de carcaças de bois. Ainda criança, arrancava ossos dos animais mortos e vendia para uma fábrica de botões.

"Nunca tive medo de trabalhar. E sempre confiante que a vida iria melhorar. Desde que eu não ficasse esperando de braços cruzados."

Zenon tinha um talento nato para jogar futebol. Sua vida mudou quando foi acompanhar um treino do Hercílio Luz, time da cidade. "Iria pegar a bola atrás do gol. Gandula. Até que no treino faltou um jogador. Me chamaram. Estava descalço. Me deram um par de chuteiras. Nunca mais as tirei do pé. Nasci para ser jogador."

A carreira foi fulminante. Hercílio, Avaí e foi contratado pelo Guarani. Formou o melhor time da história do clube de Campinas. "Foi um casamento perfeito de talentos desacreditados. Jovens da base com atletas ávidos por ganhar espaço. Com a ousadia do nosso treinador Carlos Alberto Silva. Surpreendemos a todos. O Guarani foi campeão brasileiro de 1978, com méritos. Éramos melhores do que todos. Jamais um time do Interior havia conquistado o título nacional."

Zenon era o maestro do time. Teve propostas da Itália, Colômbia, Estados Unidos, Canadá. Não resistiu a uma que triplicaria seu salário. O do Al-Ahli, da Arábia.

Estava muito bem por lá. Tanto que o Internacional iria comprá-lo. Mas o histórico presidente Vicente Matheus foi até Riad. E deu um 'chapéu' no clube gaúcho. E o levou para ser o grande armador do Corinthians, da Democracia Corinthiana. Viveu momentos inesquecíveis com Sócrates, Casagrande, Wladimir. Viu nascer o movimento no vestiário. Com Sócrates, Washington Olivetto e Adilson Monteiro Alves. "Foi sensacional um clube popular de rebelar contra o regime. Os jogadores terem liberdade e pedirem liberdade ao povo, em plena ditadura. O movimento morreu porque os outros clubes não aderiram." E lembra do clima tenso. "Recebíamos ameaça da Ditadura. Vinham bilhetinhos avisando para a gente falar menos. Mas seguíamos falando. Até mais."

Zenon jogava cada vez melhor. Mas teve um adversário inesperado. Telê Santana. "Cheguei a ser capitão da Seleção, com Cláudio Coutinho. Mas o Telê me perseguiu. Fui injustiçado. Ele me tirou duas Copas do Mundo. Estava voando em 1982 e 1986. O meu pecado era marcar gols nos times que ele treinava."

Rubens Minelli o prejudicou também, o tirando do Corinthians. Foi ser campeão no Atlético Mineiro, na Portuguesa, no Guarani (de novo), no Maringá, no São Bento.

Zenon se tornou um excelente comentarista. Mas pagou caro por ser verdadeiro. Não teve seu contrato renovado pelo Sportv. A desconfiança geral é que sua saída estava amarrada às duras críticas que fez ao Flamengo. "Não posso dizer que foi isso, porque não sei. Só posso dizer que estava cotado para comentar na Globo. E de repente, não renovaram meu contrato."

Ninguém diria que Zenon está com 70 anos. Segue com o mesmo corpo de quando era jogador. Continua a jogar futebol, futevôlei. Trabalha em Campinas como comentarista. E mostra surpreendente talento como cantor.

A entrevista é um mergulho na alma de um dos grandes talentos do futebol deste país.

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