• 3/3: Desfecho e consequências da "Agressão portuguesa" de Conacri

  • 2024/09/19
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3/3: Desfecho e consequências da "Agressão portuguesa" de Conacri

  • サマリー

  • Perante um sucesso muito relativo da operação a Conacri choveram as reacções. Como Sékou Touré e Portugal geriram o choque desta operação relâmpago e que consequências teve ela em relação à luta pela independência da Guiné-Bissau ? Acompanhe aqui as respostas. Terminamos aqui a série de três episódios consagrados à Operação Mar Verde.Começámos por ver como os dissidentes da Guiné francófona se aliaram ao regime colonial português em Bissau para tentar precipitar o fim do regime de Sékou Touré e como o plano secreto foi preparado e executado há mais de meio século.Destaque agora para o desfecho e as consequências desta operação lendária levada a cabo em Conacri a 22 de Novembro de 1970.Na linha de mira de Lisboa estavam os apoios de que o PAIGC beneficiava na capital daquela que tinha sido no passado a Guiné francesa.O Partido Africano para a independência da Guiné e Cabo Verde tinha, aí efectivamente, a sua base, em Conacri.Ana Maria Cabral, viúva de Amílcar Cabral, o líder do PAIGC, que viria a ser assassinado em Janeiro de 1973, viveu na primeira pessoa o ataque.Ela admite ter escapado por um triz e revela-nos aqui um testemunho exclusivo sobre como tudo aconteceu.Estivemos por um triz e só não morremos por sorte ! Estávamos a dormir e eu acordei com aquele barulho ! Fui acordar os meus filhos e já tinham bombardeado, atirado um obus para nossa casa. E o obus caiu na casa de banho. A casa toda tremeu ! Então estava eu sozinha em casa com os meus filhos. Só tive tempo de chamar os meus camaradas, os guardas que foram por trás e disseram: "Apanhe os seus filhos e sai. Sai, sai, sai, sai, sai"! Saímos e andámos ali pelo mato até que de manhãzinha. E alguns camaradas, como a Embaixada do Vietname ficava ali perto, foram pedir à Embaixada do Vietname para lá ficar. Mas depois acabámos...porque naquela altura existia ainda a União Soviética e tinha uma enorme embaixada que chamavam de "Petit Moscou". Acabámos por nos refugiar ali porque os vietnamitas, coitados, não podiam. Era uma coisa muito simples, a embaixada deles não tinham possibilidade. Ficámos lá até ao regresso do Amílcar Cabral, que nos tirou de lá. A nossa casa ficou completamente danificada. Houve muitos estragos e rebentaram com pelo menos a parte da frente da nossa casa. Ao lado ficava o secretariado. Era tudo a mesma coisa. Era só um prédio. Aquilo foi mesmo... Nós não morremos por sorte porque eles bombardearam... Se tivessem bombardeado mais para a frente, tinham-nos apanhado no quarto. E então um obus... Até quando se reconstruiu a casa, o Amílcar pediu que deixassem lá aquele buraco que entrou na casa de banho como recordação do obus, porque caiu mesmo ao lado do meu quarto. Um dos principais alvos da operação lusa acaba por fracassar. Amilcar Cabral nem se encontrava em Conacri na altura e por isso não foi apreendido.Ele não estava. Ele estava na Europa. Nessa altura a Europa estava dividida. Havia os países capitalistas e os países chamados socialistas. Então e ele estava num desses países a solicitar ajuda ou quê.Porque nós não fabricávamos armas, não é? As seis embarcações portuguesas deixam rapidamente Conacri sem conseguir derrubar Sékou Touré, nem prender Amílcar Cabral. O relato da retirada é-nos feito por Costa Correia, o comandante da lancha de desembarque Montante, uma das seis embarcações portuguesas que protagonizaram a "Mar Verde".Não tínhamos consciência se havia ou não aviação militar. O facto é que realmente houve pelo menos um voo de um dos aviões da Guiné-Conacri que sobrevoou Conacri e ainda disparou contra navios mercantes, um navio mercante, creio eu. Já estávamos nós a navegar e isso ocorreu. Poderia, eventualmente, efectivamente ter sido contra um dos navios invasores, digamos assim. Isso não aconteceu. Não se sabe bem porquê. Dizem que os pilotos dos aviões ainda tinham pouco treino, mas o facto é que houve realmente uma sobrevoo, talvez cerca das 10 horas da manhã, já estavam os navios em formação de retirada. Mas houve ainda um avião que sobrevoou Conacri e que disparou. Não se sabe bem como nem porquê contra um navio mercante e fez até alguns danos, segundo creio. Se falharam várias das metas definidas por Lisboa naquela operação, obteve-se, porém, naquela noite, a libertação dos presos portugueses nas instalações do PAIGC em Conacri, como admite Ana Maria Cabral.A única coisa que eles conseguiram foi libertar os fuzileiros portugueses. Porque tínhamos uma casa que ficava, assim, numa colina. Como na Guiné praticamente não há montanhas, a nossa gente chamava aquilo "A montanha", mas aquilo era mais uma colina do que uma montanha. Mas enfim, pronto ! No entanto, os presos portugueses soltos recebem instruções sobre a versão que podem contar. E isto por causa do carácter secreto da operação. Como testemunha do novo, o comandante de Mar e guerra luso Costa ...
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あらすじ・解説

Perante um sucesso muito relativo da operação a Conacri choveram as reacções. Como Sékou Touré e Portugal geriram o choque desta operação relâmpago e que consequências teve ela em relação à luta pela independência da Guiné-Bissau ? Acompanhe aqui as respostas. Terminamos aqui a série de três episódios consagrados à Operação Mar Verde.Começámos por ver como os dissidentes da Guiné francófona se aliaram ao regime colonial português em Bissau para tentar precipitar o fim do regime de Sékou Touré e como o plano secreto foi preparado e executado há mais de meio século.Destaque agora para o desfecho e as consequências desta operação lendária levada a cabo em Conacri a 22 de Novembro de 1970.Na linha de mira de Lisboa estavam os apoios de que o PAIGC beneficiava na capital daquela que tinha sido no passado a Guiné francesa.O Partido Africano para a independência da Guiné e Cabo Verde tinha, aí efectivamente, a sua base, em Conacri.Ana Maria Cabral, viúva de Amílcar Cabral, o líder do PAIGC, que viria a ser assassinado em Janeiro de 1973, viveu na primeira pessoa o ataque.Ela admite ter escapado por um triz e revela-nos aqui um testemunho exclusivo sobre como tudo aconteceu.Estivemos por um triz e só não morremos por sorte ! Estávamos a dormir e eu acordei com aquele barulho ! Fui acordar os meus filhos e já tinham bombardeado, atirado um obus para nossa casa. E o obus caiu na casa de banho. A casa toda tremeu ! Então estava eu sozinha em casa com os meus filhos. Só tive tempo de chamar os meus camaradas, os guardas que foram por trás e disseram: "Apanhe os seus filhos e sai. Sai, sai, sai, sai, sai"! Saímos e andámos ali pelo mato até que de manhãzinha. E alguns camaradas, como a Embaixada do Vietname ficava ali perto, foram pedir à Embaixada do Vietname para lá ficar. Mas depois acabámos...porque naquela altura existia ainda a União Soviética e tinha uma enorme embaixada que chamavam de "Petit Moscou". Acabámos por nos refugiar ali porque os vietnamitas, coitados, não podiam. Era uma coisa muito simples, a embaixada deles não tinham possibilidade. Ficámos lá até ao regresso do Amílcar Cabral, que nos tirou de lá. A nossa casa ficou completamente danificada. Houve muitos estragos e rebentaram com pelo menos a parte da frente da nossa casa. Ao lado ficava o secretariado. Era tudo a mesma coisa. Era só um prédio. Aquilo foi mesmo... Nós não morremos por sorte porque eles bombardearam... Se tivessem bombardeado mais para a frente, tinham-nos apanhado no quarto. E então um obus... Até quando se reconstruiu a casa, o Amílcar pediu que deixassem lá aquele buraco que entrou na casa de banho como recordação do obus, porque caiu mesmo ao lado do meu quarto. Um dos principais alvos da operação lusa acaba por fracassar. Amilcar Cabral nem se encontrava em Conacri na altura e por isso não foi apreendido.Ele não estava. Ele estava na Europa. Nessa altura a Europa estava dividida. Havia os países capitalistas e os países chamados socialistas. Então e ele estava num desses países a solicitar ajuda ou quê.Porque nós não fabricávamos armas, não é? As seis embarcações portuguesas deixam rapidamente Conacri sem conseguir derrubar Sékou Touré, nem prender Amílcar Cabral. O relato da retirada é-nos feito por Costa Correia, o comandante da lancha de desembarque Montante, uma das seis embarcações portuguesas que protagonizaram a "Mar Verde".Não tínhamos consciência se havia ou não aviação militar. O facto é que realmente houve pelo menos um voo de um dos aviões da Guiné-Conacri que sobrevoou Conacri e ainda disparou contra navios mercantes, um navio mercante, creio eu. Já estávamos nós a navegar e isso ocorreu. Poderia, eventualmente, efectivamente ter sido contra um dos navios invasores, digamos assim. Isso não aconteceu. Não se sabe bem porquê. Dizem que os pilotos dos aviões ainda tinham pouco treino, mas o facto é que houve realmente uma sobrevoo, talvez cerca das 10 horas da manhã, já estavam os navios em formação de retirada. Mas houve ainda um avião que sobrevoou Conacri e que disparou. Não se sabe bem como nem porquê contra um navio mercante e fez até alguns danos, segundo creio. Se falharam várias das metas definidas por Lisboa naquela operação, obteve-se, porém, naquela noite, a libertação dos presos portugueses nas instalações do PAIGC em Conacri, como admite Ana Maria Cabral.A única coisa que eles conseguiram foi libertar os fuzileiros portugueses. Porque tínhamos uma casa que ficava, assim, numa colina. Como na Guiné praticamente não há montanhas, a nossa gente chamava aquilo "A montanha", mas aquilo era mais uma colina do que uma montanha. Mas enfim, pronto ! No entanto, os presos portugueses soltos recebem instruções sobre a versão que podem contar. E isto por causa do carácter secreto da operação. Como testemunha do novo, o comandante de Mar e guerra luso Costa ...

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