Flow (2024) é um filme de fantasia, aventura e drama dirigido por Gints Zilbalodis e coescrito por ele e Matiss Kaza. Com 1 hora e 25 minutos de duração, a obra se comunica mais profundamente com o público através de sons, movimentos da câmera, trilha sonora, e composição visual, do que a maioria dos filmes que de fato têm diálogo.
Falando da cenografia, Flow é um verdadeiro deleite visual. As cores são vivas, e pulsantes, existe uma materialidade nas paisagens e nos elementos de cena que faz com que cada enquadramento pareça uma pintura em movimento. Os objetos e os animais presentes na narrativa se comportam de maneira surpreendentemente fiel à realidade, o que confere à obra uma verossimilhança poética e sensorial.
É uma daquelas experiências cinematográficas que transcendem o simples ato de assistir: sinto como se me alimentasse das cores, como se respirasse o ambiente construído em cada cena. O visual é tão envolvente que, por vezes, me vejo absorvida pela estética. Em outros momentos, fico tão imersa na narrativa que me esqueço de reparar nos detalhes técnicos, tamanha é a potência do enredo.
É um filme que me faz viver e sentir como os personagens, fundindo forma e conteúdo de maneira sublime. A intensidade das emoções passadas por Flow, não se encontram em qualquer obra, muito menos o dinamismo com o qual as sentimos.
A narrativa também constrói, através das suas paisagens em constante transformação e das relações entre as criaturas, uma reflexão sobre a crise climática. Flow nos lembra que a natureza não é um cenário, mas um personagem central em nossa própria existência e que precisaremos estar unidos para navegarmos juntos o que virá a seguir.
Não à toa o filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Animação em 2025 e depois levou o Oscar na mesma categoria.
E se você quiser fazer seu próprio filme nesse estilo, não se esqueça de que Flow foi produzido usando o Blender, um software open-source. Esse filme sem dúvida trouxe alguma democratização pros Oscars deste ano.
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