エピソード

  • "Um desafio de vida", diz a coreógrafa das cerimônias dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
    2024/07/22

    A RFI foi ao encontro da coreógrafa das cerimônias dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Paris 2024. Em um galpão de Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris onde fica a Vila Olímpica, ela ensaiava com 50 bailarinos. A francesa Maud Le Pladec mantém segredo sobre o seu trabalho, e pouco se sabe sobre o espetáculo a ser apresentado na noite de abertura, em 26 de julho, e que contará com milhares de participantes.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    A coreógrafa fala do desafio, quase uma ousadia, segundo ela, de criar um show original e único. Paris 2024 oferecerá uma cerimônia de abertura que poderá ficar entre os momentos mais memoráveis da história Olímpica.

    "Estamos preparando um espetáculo vivo, em que teremos o protocolo, o show, as delegações que vão se misturar neste grande teatro único, já que pela primeira vez na história das cerimônias de abertura não será em um estádio, mas no coração da cidade", diz a coreógrafa. "Então, é absolutamente mágico para mim. Um verdadeiro desafio de vida", completa Le Pladec.

    Paris está inovando ao trazer o esporte para os cartões-postais da cidade e o mesmo acontecerá com a cerimônia de abertura, que será realizada ao longo de sua principal artéria: o rio Sena. O desfile dos atletas será em barcos, onde irão a bordo as delegações dos diferentes países, num total de 10 mil esportistas.

    Essas 94 embarcações já fizeram um teste no rio Sena. Elas cruzarão o centro de Paris de leste a oeste e serão equipadas com câmeras para permitir ao público acompanhar tudo pela televisão. O desfile terminará o seu percurso de 6 quilômetros no Trocadéro, em frente à Torre Eiffel, onde acontecerão os demais elementos do protocolo Olímpico e os últimos shows.

    A bailarina que até agora dirigia o Centro Coreográfico Nacional de Orléans, no centro da França, uniu forças com outras personalidades do mundo da dança para planejar o espetáculo. Aos 48 anos, Maud Le Pladec fala da sincronia entre dança e esporte.

    "Usamos o nosso corpo como um meio de emancipação, de determinação e eu acho que este é um valor que compartilhamos entre o esporte e a dança", compara.

    A expectativa é grande, também, entre os dançarinos. "Somo apenas 50 aqui neste ensaio, mas sei que teremos muito mais dançarinos. Então, não sabemos ainda como vai ser quando estivermos todos juntos. Além disso, vamos dançar no verão, sob o sol e com forte calor, então precisamos de muita preparação para isso", diz um dos membros do corpo de baile.

    Formação em jazz e dança contemporânea

    Maud Le Pladec começou a carreira como dançarina em Montpellier, no sul da França, antes de passar para o lado criativo, no início de 2010.

    Ela foi indicada para os Jogos Olímpicos pelo diretor artístico das cerimônias, Thomas Jolly, com quem já trabalhou em 2016, na Ópera Nacional de Paris.

    Ao justificar a escolha da ex-bailarina, com formação em jazz e dança contemporânea, Jolly destacou que Maud explora todas as culturas através de suas criações e visão artística. Um pré-requisito essencial para uma festa de 173 nações.

    "O que eu gosto no trabalho da Maud é que tudo é bem marcado, ao mesmo tempo orgânico, assertivo. Eu digo sempre que Maud é telúrica, quer dizer que a sua energia vem da terra. Alguma coisa que vem do solo e que se transmite para nós", diz Jolly em entrevista à RFI.

    Um sentimento que deverá ser compartilhado com centenas de milhões de espectadores em todo o mundo e 320 mil pessoas nos cais do rio que corta Paris.

    Além disso, em uma edição que verá o break dancing entrar no programa olímpico, a coreógrafa quer destacar “todos os estilos”.

    Mas por mais que ela acumule grande experiência, o desafio dos Jogos Olímpicos será em uma escala completamente diferente do que ela viveu até agora: Maud Le Pladec terá 3.000 dançarinos sob seu comando.

    E se teremos que esperar até o grande dia para ver a coreografia, já se sabe que a música terá lugar de destaque no espectáculo, já que a francesa da Bretanha fez do som um ponto central do seu trabalho, e um objeto de pesquisa.

    O que ela deseja é “transmitir o máximo de emoções possível, e chegar ao maior número de pessoas”. Que melhor maneira de fazer isso do que um dos maiores palcos do mundo?

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  • Vila Olímpica está pronta para receber atletas dos Jogos Paris 2024
    2024/07/15
    Os lençóis já foram estendidos, as toalhas estão à disposição. Tudo pronto na Vila Olímpica para receber os atletas e paratletas de mais de 200 nações que participam dos Jogos de Paris 2024, a partir da quinta-feira (18). Para 80% deles, os alojamentos estão a menos de 10 quilômetros do local de competição. Maria Paula Carvalho, da RFI em ParisLocalizada numa área de 55 hectares, no departamento de Seine Saint-Denis, ao norte de Paris, a vila dos atletas já foi inspecionada pelas forças de segurança e aguarda os seus hóspedes. “Os atletas chegam à partir de 18 de julho, primeiramente os atletas olímpicos e depois os paralímpicos. Serão 14.250 residentes: 10 mil atletas e acompanhantes e, nos Paralímpicos, serão 9 mil residentes: 4.500 atletas e os seus acompanhantes”, explica Augustin Tran Van Chau, vice-diretor da vila.“Nesta praça internacional arborizada teremos um telão. Ela é decorada como as praças de Paris", destaca. "Este é o local onde os atletas que não poderão ir à cerimônia de abertura se reunirão para celebrar, à sua maneira, o começo dos Jogos. Como os atletas que competem dia 27 [de julho] e precisam estar em forma e que não poderão ir à cerimônia de abertura”, acrescenta o vice-diretor. Supermercado, butique, correios, caixa eletrônico, uma dezena de lavanderias, quadras e ginásios para treinos, sala de meditação. Tudo foi pensado para que os esportistas aproveitem ao máximo a experiência. “Essa vila Olímpica e Paralímpica foi concebida para ser um bairro da cidade, antes mesmo de ser pensada para receber os atletas. Por isso, tem todos os serviços, o que nos permitiu diminuir o número de espaços temporários e reduzir a pegada de carbono", destaca Laurent Michaud, diretor da Vila Olímpica. "O nosso trabalho é garantir que tudo flua bem, desde a chegada deles até a partida”, completa. Momentos que os atletas jamais irão esquecer, acredita o ex-canoísta Tony Estanguet, presidente do Comitê Organizador de Paris 2024. “Para nós é um lugar extremamente importante, muito particular e que faz a especificidade dos Jogos, já que todos os atletas que vão participar se lembrarão para sempre dessa vida dentro da Vila Olímpica, o que é algo atípico", diz o francês."Todos nós que já fomos atletas sabemos que é um momento especial, que compartilhamos com esportistas de outros países, temos o mesmo quarto, a mesma cama, o mesmo restaurante e todos os demais serviços que são oferecidos aos atletas. Nós estamos muito satisfeitos do resultado da Vila Olímpica que é obra de um trabalho coletivo”, comemora Estanguet. Estrutura esportiva completaAs salas de ginástica e musculação ficaram a cargo de uma empresa italiana. “No total, instalamos 5 mil aparelhos durante todos os Jogos Paris 2024, aqui na vila dos atletas são 1800", explica Guillaume Renault, responsável por oferecer os equipamentos. "Os atletas não treinam todos ao mesmo tempo, e temos uma grande academia de 3 mil metros quadrados e em comparação com o que vimos em Jogos Olímpicos precedentes, em todo o mundo, é uma das maiores e mais bonitas salas de ginástica que eu já vi”, compara. A academia funciona em um antigo prédio industrial, que servia para fornecer eletricidade ao metrô parisiense no começo do século passado. Agora, o local abriga também um salão de cabeleireiro, manicure e concierge. Stéphanie Dartevelle é responsável pelo centro de residentes, que ficou a cargo do grupo hoteleiro Accord. “Este é um centro para os residentes, teremos dez ao todo na Vila Olímpica, três deles ficam abertos 24 horas e sete das 7h às 23h. E é um lugar em que todos os atletas podem ter informações", ela explica."É também um lugar de repouso, de convívio, há lugar para descansar, relaxar, tem televisão, futebol de mesa (totó) e eles podem trabalhar, se tiverem necessidade, durante os Jogos”, acrescenta. Na vila dos atletas só não tem bebida alcoólica. No entanto, o maior restaurante temporário do mundo estará de portas abertas com comida francesa, asiática, africana, caribenha, entre outras cozinhas do mundo. Serão 50 pratos por dia a disposição dos diferentes gostos, mas nada de fritura, para manter a forma. Já os deslocamentos foram pensados de maneira a poupar os atletas de grandes caminhadas antes das provas. “Para os atletas, durante os Jogos Olímpicos, haverá vans que farão todo o entorno da vila a cada dois minutos, então teremos cerca de 60 veículos na vila dos atletas, e mais 190 nos outros locais de competição", diz Cédric Borremans, representante da Toyota, empresa que desenvolveu um tipo de veículo especialmente para os Jogos Paris 2024."Para os Paralímpicos, é a mesma van, mas com cores diferentes e mais contraste: amarelo, branco e preto para facilitar quem tem visibilidade reduzida. Ela tem uma altura apropriada para que pessoas com próteses possam entrar ...
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  • A poucos dias dos Jogos Olímpicos, transportes ainda preocupam moradores e visitantes
    2024/07/01
    Faltando poucos dias para a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em 26 de julho, o transporte ainda é uma das preocupações para organizadores e visitantes. De tudo o que havia sido prometido na candidatura de Paris para sediar o evento, a extensão da linha 14 do metrô é a única infraestrutura de transporte entregue a tempo. Maria Paula Carvalho, da RFI em ParisApós oito anos de obras, o presidente Emmanuel Macron inaugurou, no dia 24 de junho, a extensão do metrô que agora liga o sul e o norte de Paris em tempo recorde. A nova linha 14 cruzará a cidade por 28 km, sendo a mais longa da rede metropolitana de Paris. Ela é considerada a “espinha dorsal” dos transportes para os Jogos Olímpicos, pois servirá a Vila dos Atletas de Saint-Denis, o Stade de France e o Centro Aquático Olímpico. Durante as competições, são esperados cerca de 700 mil passageiros por dia. "Eu tenho imensa honra, em nome de todos, de declarar aberta a estação Saint-Denis-Pleyel", declarou o presidente Emmanuel Macron. “São mais de 15 anos de concepção desse trabalho, que se apoia sobre décadas de estudos e comprometimento de diferentes níveis de governo, empresas públicas e privadas, que nos permitem, hoje, fazer esta inauguração. Obrigada a todos por esse engajamento coletivo. É isso que a República sabe fazer, ao reunir todas as forças da nação, mudar vidas de maneira muito concreta", acrescentou o líder francês. Conexão rápida com aeroporto de OrlyCom um custo de € 3,5 bilhões, (R$ 21 bilhões, na cotação do dia) esta linha automática deverá se tornar a mais movimentada de Paris, até meados de 2025, com um milhão de passageiros por dia. Além dos 260 mil moradores dos subúrbios ao sul da capital, a obra vai beneficiar os turistas que desembarcam no aeroporto de Orly e que poderão viajar até a estação Châtelet, no coração de Paris, em apenas 25 minutos, pagando € 11,50 (quase R$ 70). Para quem tem o passe de transporte mensal metropolitano (Navigo), o custo do trajeto já está incluído. Até hoje, o acesso ao aeroporto de Orly exigia um trecho pago à parte (ORLYVAL), entre o terminal aeroportuário e a estação Antony do trem metropolitano RER B. O tempo de viagem até Châtelet, usando esta opção de transporte, é de 45 minutos. Outras alternativas são ônibus ou carro. Em entrevista à RFI, Jean-François Monteils, presidente do conselho de administração da Société des Grands Projets (Sociedade de Projetos de Grande Porte), comemora o cumprimento desta etapa, com o fim das obras da linha 14. Mas Monteils lembra que é só o início do 'Grand Paris Express', projeto que prevê a criação das linhas 16 e 17. O Charles de Gaulle Express, ligação entre o aeroporto de Roissy e Paris, sem escalas, em 20 minutos, também ficará para 2027. “É uma conclusão, mas também um começo, já que esta é a primeira estação que inauguramos e entregamos ao público, a primeira de uma imensa rede que é o Paris Express”, detalha. “Assim como nas 68 novas estações que virão, nós teremos obras de arte que poderão ser admiradas pelos viajantes. Muitas histórias vão acontecer aqui e para nós, é uma grande emoção”, estima Monteils. A nova estação Saint-Denis-Pleyel conta com uma obra monumental de mais de 11 mil azulejos do artista português Vhils, intitulada 'Estratos urbanos'. "Paris sempre foi um centro importante para a arte e já faz 15 anos que sou convidado para projetos aqui. Esta relação com a França é muito importante para mim”, enfatizou o artista à RFI. Olimpíadas sem carro e com transporte mais caroParis 2024 é a primeira Olimpíada na história a proibir o acesso de carro aos locais de competição. Mas enquanto as autoridades incentivam o transporte público, os usuários já se deparam com uma rede que está frequentemente saturada e sujeita a incidentes. A expectativa é que o metrô e o RER sejam postos à prova durante os Jogos Olímpicos. Para garantir a circulação de milhões de espectadores esperados, haverá um aumento de 15% na frequência dos metrôs. Porém, a estimativa é que 140 estações, das quase 450 de Paris e seus subúrbios, ficarão sobrecarregadas durante a quinzena olímpica. Além do forte movimento, os turistas vão pagar mais caro pelo transporte, já que a tarifa do metrô quase duplicará durante os meses de julho e agosto. O bilhete unitário, que custa atualmente € 2,10 (R$ 12,60 ), passará a custar € 4 (R$ 24) e o pacote de 10 passes passará de € 16,90 a € 32 (de R$100 para cerca de R$ 192), conforme a Île-de-France Mobilités (IDFM), empresa responsável pelos transportes na região parisiense.Já os pacotes mensais e anuais, destinados aos moradores da cidade, “não serão afetados por estes aumentos”.Além da rede de metrôs e as linhas de ônibus de Paris, os organizadores dos Jogos Olímpicos esperam contar ainda com 3 mil ...
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  • Jogos Olímpicos Paris 2024: ensaio técnico no rio Sena revela detalhes da cerimônia de abertura
    2024/06/24

    À medida em que se aproxima a data de início dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris 2024, se intensificam os ensaios no rio Sena para a cerimônia de abertura. Os capitães dos barcos que costumam levar turistas para ver os monumentos, desta vez navegam focados na distância que devem manter dos colegas, com quem desfilarão no dia 26 de julho, entre a ponte de Austerlitz e a ponte de Iéna, aos pés da torre Eiffel.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    Será a primeira vez que a cerimônia de abertura de uma olimpíada não será realizada em um estádio. No total, 94 embarcações, incluindo nove barcos de reserva, participarão da parada fluvial com 10.000 atletas, ao longo de seis quilômetros, no famoso cartão postal de Paris. A distância entre os barcos não poderá passar de 100 metros.

    Os ensaios técnicos garantem que tudo possa ser cronometrado para o espetáculo. "Cada barco deve testar a sua capacidade de navegar no rio, mas sobretudo encontrar o ritmo e se encaixar em um cronograma extremamente preciso, como será a cerimônia de abertura, no dia 26 de julho, e que integrará todos os outros elementos, a começar pelos artísticos", explica o diretor-artístico Thierry Reboul.

    A cerimônia de abertura terá início às 19h30, pelo horário local, diante de 326 mil espectadores. O cortejo vai passar em alguns dos mais belos monumentos de Paris, como a catedral de Notre-Dame, o Hotel de Ville, a sede da prefeitura, e o Grand Palais. Uma operação inédita, para a qual o Comitê Organizador vem se dedicando há meses.

    “É o plano 'A' sobre o qual estamos mobilizados, é o plano 'A' que irá acontecer, o que não nos impede de antecipar outros cenários, e um plano 'B' ou 'C' são possíveis, mas até este momento, eles não têm razão de ser acionados" diz a ministra do Esporte da França, Amélie Oudéa-Castera. "O ministério do Interior analisa com atenção qualquer ameaça, e neste momento não há nenhum motivo de se preocupar. Continuamos com o plano 'A', e com 'A 'maiúsculo", diz.

    Será que a meteorologia vai ajudar?

    O mau tempo, que fez subir o nível do rio Sena nas últimas semanas, é uma preocupação e mesmo impediu a realização de outros ensaios é uma preocupação. Mas a ministra confia que o tempo vai melhorar com a chegada do verão. "Nos sobram 40 dias que serão importantes, a condição meteorológica vai melhorar, menos chuva, mais calor, isso vai nos ajudar para o sucesso deste plano de ação. Todas as infraestruturas foram entregues no prazo, o trabalho que foi feito na rede de saneamento, a conexão das peniches (embarcações) ao esgoto sanitário, tudo foi feito de maneira impecável e estamos confiantes na nossa capacidade de manter o calendário de competições no rio Sena", afirma.

    Cada embarcação levará 45 minutos para percorrer o trajeto previsto, cruzando a cidade de leste a oeste, sob a escolta de botes da guarda costeira e de 45 mil policiais civis e militares."Não há uma preocupação particular, temos um dispositivo de segurança robusto, para garantir a segurança dos espectadores no cais, e ao logo de todo o percurso da cerimônia, explica Laurent Nuñez, secretário de Segurança Pública de Paris. "Temos um dispositivo antidrone e forças de intervenção especializadas, estão todas mobilizadas para o dia 26 de julho, para a cerimônia de abertura, não temos nenhuma preocupação e trabalhamos com muita concentração e determinação para garantir a segurança deste desfile", completa.

    Em caso de necessidade, a França já se organizou para mudar a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Entre as alternativas encontradas está a diminuição do número de espectadores ou, em último caso, se a parada fluvial não for possível, pode haver um desfile de atletas sobre a ponte de Iéna entre a torre Eiffel e o Trocadéro.

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  • Qual será o custo social dos Jogos Olímpicos Paris 2024?
    2024/06/17

    Um relatório do coletivo Le revers de la médaille (O outro lado da medalha, em tradução livre) denuncia uma “limpeza social” das cidades francesas. Uma centena associações que trabalham com grupos vulneráveis ​​alertam para o distanciamento e a invisibilidade das pessoas marginalizadas, especialmente na Île de France, região onde fica Paris, e onde acontecerá a maioria dos eventos.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    Despejos, desmantelamento de acampamentos de rua, pressão policial. Em 138 operações realizadas ao longo de um ano, as autoridades removeram mais de 12 mil sem-teto, um aumento de 40% em dois anos. Entre eles, há três vezes mais menores de idade. Ao mesmo tempo, 3.000 leitos foram suprimidos em abrigos que acolhem essas populações.

    A maior parte das pessoas retiradas são migrantes e foram afastadas da capital, um movimento que tem se acelerado com a proximidade da abertura dos Jogos Paris 2024, segundo as entidades que denunciam uma "estratégia de limpeza social” antes do evento. "Nós que atuamos no terreno há mais de dez anos junto a essas pessoas nunca vimos uma repressão como esta. Temos certeza que é o impacto dos Jogos Olímpicos", afirma Paul Rey-Fauvinet, voluntário da associação AIDES, que trabalha com usuários de crack em Paris.

    "Constatamos um aumento da presença policial nos locais de consumo de crack. A empresa de transportes RATP retirou bancos das estações de metrô onde essas pessoas podiam se sentar e agora elas ficam perambulando sem rumo. A repressão prevê caçar, empurrar essas pessoas para lugares cada vez mais afastados, onde elas ficam ainda mais expostas à violência", lamenta.

    Aurélia Huot é advogada na Ordem dos Advogados Paris Solidarité. Ela relata a situação de nigerianas que atuam como profissionais do sexo no Bois de Vincennes, um bosque na região leste de Paris. Elas são obrigadas a correr para se esconder entre os arbustos para evitar as batidas policiais. "Em maio e junho de 2023, a polícia tentava criar laços com essas pessoas, consideradas vítimas. Com a mudança, os controles administrativos acontecem de maneira violenta. Elas são presas em roupas íntimas. São práticas que criam uma sensação de medo. Como consequência, elas vêm cada vez mais tarde da noite, até que a gente perca o contato com elas", observa.

    Recentemente, cerca de cem jovens migrantes também foram retirados pela polícia francesa de um acampamento às margens do rio Sena.

    O coletivo denuncia a maneira como essas operações são realizadas, com o envio de forças policiais e não de assistentes sociais. Mas a principal reclamação diz respeito à falta de opções dadas às pessoas afetadas pela precariedade. Sem uma solução de moradia, muitas acabam voltando para as ruas da capital.

    Segundo Paul Alauzy, coordenador de vigilância sanitária da ONG Médicos do Mundo e porta-voz do coletivo, “seria necessária a criação de 20 mil vagas para abrigar os sem-teto, das quais 7.000 na região parisiense. Esse é o foco do nosso coletivo. Há pessoas nas ruas, sabemos que os espaços públicos serão muito mais ocupados durante os Jogos Olímpicos e estas pessoas não poderão ficar. Então, é preciso encontrar soluções dignas e perenes”, diz.

    Esta não é a primeira vez que operações desse tipo são denunciadas às vésperas de Jogos Olímpicos, seja com a remoção de sem-teto ou de populações instaladas de forma considerada indevida nos arredores de locais que acolhem grandes eventos esportivos.

    Em 2013, a Anistia Internacional alertou em um relatório sobre os direitos humanos no mundo a situação de milhares de pessoas vítimas de remoção forçada por causa dos preparativos da Copa do Mundo de 2014 no Brasil e dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro.

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  • Torneio de Roland-Garros serviu de teste para os Jogos Olímpicos de Paris 2024
    2024/06/10

    Encerrado neste domingo (9), o torneio de tênis de Roland-Garros foi considerado um sucesso para testar a organização dos Jogos Olímpicos Paris 2024.

    Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris

    O tradicional Grand Slam de saibro francês começou no dia 20 de maio com os grandes nomes do tênis internacional. Este ano, o torneio reuniu mais de 75.000 espectadores no complexo esportivo na Porte d'Auteuil, no 16º distrito da capital francesa, durante a fase de classificação, um aumento de 50% em relação ao ano passado.

    Foi uma oportunidade para avaliar a infraestrutura que receberá as partidas de tênis dos Jogos Olímpicos, daqui a algumas semanas. Entre as novidades, está a nova cobertura da quadra Susanne Lenglen, para que as partidas não precisem ser interrompidas em dias de chuva. Durante o torneio de Roland-Garros, o mau tempo atrasou a competição.

    A ex-tenista francesa Amélie Mauresmo, diretora da competição, explica que sua equipe está pronta para o desafio olímpico. "A segurança está muito reforçada por causa dos Jogos Olímpicos, mas tem sido assim já nos últimos meses. Então estamos preparados para fazer o necessário em termos de segurança e para receber os visitantes do mundo todo aqui. Teremos as mesmas equipes trabalhando nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, então é trabalho extra para o nosso time, mas todos sabem que Roland-Garros é já um teste. E nada muda por aqui, a não ser a segurança", disse.

    Vitrine do esporte francês

    De acordo com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Paris 2024, Roland-Garros é uma vitrine do esporte francês. Reconhecido internacionalmente, o local foi um grande trunfo da candidatura francesa para sediar os Jogos. Batizado em memória do aviador francês Roland Garros, o estádio foi construído em 1928 para sediar as façanhas dos jogadores franceses na Copa Davis.

    Localizado ao lado do Bois de Boulogne, um bosque perto do estádio Parc des Princes, Roland-Garros acolhe todos os anos um dos quatro torneios de Grand Slam, evento organizado pela Federação Francesa de Tênis (FFT) e transmitido em mais de 220 países em todo o mundo.

    Atualmente, o complexo de Roland-Garros cobre 12 hectares e tem 18 quadras de saibro. O último plano de modernização, entre 2015 e 2021, permitiu a instalação de uma cobertura retrátil de desenho revolucionário para a quadra Philippe-Chatrier e a construção de uma arena com 5.000 lugares, a Simonne-Mathieu, e integrada no jardim das estufas d'Auteuil.

    Tenistas brasileiros de olho nos Jogos Olímpicos

    Para os tenistas brasileiros, desclassificados na primeira rodada do torneio de simples de Roland-Garros, agora é hora de fazer as contas para a classificação olímpica.

    É o caso do cearense Thiago Monteiro. "Depende do ranking, mas como eu fui bronze no Pan, tem uma regra que eu acho que o Dias da Costa, que ganhou o Pan, precisa estar entre os 4 melhores dos argentinos e ele não vai estar, inclusive ele está machucado agora e não vai poder jogar para passar na frente dos argentinos que estão na frente dele. Eu acredito que essa vaga que ele conseguiu no Pan sobraria para o terceiro colocado, que fui eu", explica.

    Já garantida em Paris 2024, a tenista brasileira Laura Pigossi está mais tranquila. "Eu sinto já a energia. Estou muito feliz de as olimpíadas poderem ser em Paris. Paris é magico, literalmente, sempre que estou aqui sinto uma energia muito boa. Estou ali perto da torre e só o fato de começar a ver esta estrutura, os aros, a quadra de vôlei ali perto da torre Eiffel já me enche o coração", relata. "Quero que chegue logo. É uma mistura de ansiedade e, ao mesmo tempo, de oportunidade de poder representar o meu país no maior evento esportivo do mundo. Só aquece meu coração", completa. "Eu já estou classificada pelo Pan Americano, que eu ganhei ano passado. Isso já tira um peso das minhas costas. É claro que eu gostaria de entrar com o meu próprio ranking, mas uma vez que já estou classificada, eu já nem penso mais nisso, para ser bem sincera. O importante é entrar, não importa como", conclui.

    Além do tênis e do tênis em cadeira de rodas, Roland-Garros também sediará as lutas olímpicas de boxe.

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  • Jogos Olímpicos Paris 2024: pesquisadores franceses estudam doping genético, em teoria possível
    2024/05/22
    A poucos meses dos Jogos Olímpicos Paris 2024, aumenta a preocupação com possíveis casos de doping nas competições. Recentemente, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, alertou sobre os riscos potenciais dos avanços médicos impulsionados pela Inteligência artificial e a bioquímica, capazes de permitir “trapaças” cada vez mais sofisticadas. Maria Paula Carvalho, da RFIO assunto ganhou ainda mais destaque, há pouco mais de uma semana, após a revelação de que nadadores chineses testaram positivo para um medicamento para o coração, a trimetazidina (TMZ) - que pode melhorar o desempenho - antes das Olimpíadas de Tóquio, em 2021.Os atletas não foram suspensos ou sancionados pela Agência Mundial Antidoping (WADA na sigla em inglês), que aceitou a explicação das autoridades chinesas de que os resultados haviam sido causados pela contaminação de alimentos num hotel onde os nadadores se hospedaram. O COI disse confiar na Agência.Em Paris, médicos, farmacêuticos e enfermeiros estão sendo treinados para suprir a necessidade de técnicos antidoping para os Jogos Olímpicos. São três dias de formação para aprender a fazer exames e a manipular amostras. E então, eles podem se candidatar a atuar nas competições. "Vamos precisar de aproximadamente 300 técnicos antidoping para os Jogos Olímpicos. Estamos tentando aumentar a oferta com essa formação. Os demais serão recrutados em outros países europeus. Mas não vamos submeter à organização Paris 2024 candidatos sem condições", explica Adeline Molina, secretária-geral da agência francesa antidopagem (AFLD).Doping genéticoOutra preocupação concreta dos organizadores dos Jogos Paris 2024 é o doping genético, mesmo que, até hoje, nenhum caso ter sido oficialmente detectado. Em abril do ano passado, o Parlamento francês adotou um projeto de lei autorizando o Laboratório Francês de Antidoping a recolher amostras de sangue e realizar testes genéticos mais sofisticados, que incluem a detecção de mutações naturais ou outras técnicas. A RFI foi até a cidade de Nantes, no oeste da França, entrevistar o engenheiro e biologista Bruno Pitard. Ele explica que os avanços da tecnologia de manipulação do RNA e do DNA tornaram possível, através da introdução de um gene, a produção natural do EPO. Este hormônio do crescimento melhora a oxigenação nos tecidos e, desta forma, o desempenho dos atletas. “O que fizemos no nosso laboratório em Nantes: pegamos a sequência de aminoácidos do EPO, fabricamos o RNA correspondente e administramos em animais, o injetando no tecido muscular, que começará a produzir o EPO, que será secretado pela fibra e entra no sangue e na medula óssea, atuando no aumento da produção de glóbulos vermelhos”, explica o diretor do CNRS, o Centro Nacional de Pesquisas Científicas do país, que há 30 anos estuda a terapia gênica e as técnicas de RNA mensageiro. “Tudo isso me parecia futurista, mas é verdade que os laboratórios antidoping têm razão em se interessar por essa problemática, porque progressivamente nos aproximamos cada vez mais de coisas possíveis e realizáveis nos humanos", completa. Há 15 anos, Bruno Pitard conseguiu fazer com que camundongos passassem a produzir naturalmente o EPO em seu laboratório na Universidade de Nantes, injetando diretamente o gene do hormônio de crescimento no músculo dos animais. Como as experiências são restritas aos laboratórios, Bruno acredita que seria difícil para os atletas terem acesso a essa tecnologia. E, caso utilizassem, por exemplo, a mesma plataforma das vacinas da Covid-19 para produzir EPO, correriam sérios riscos de saúde, como o desenvolvimento de uma anemia autoimune, por exemplo. Mas, isso não torna o doping genético impossível. E, através da terapia gênica, ele seria praticamente indetectável. “No caso da terapia gênica, poderíamos ter uma expressão do EPO a médio ou longo prazo. Isso permitiria ao atleta injetar a substância bem antes das competições,” afirma. A molécula isolada de EPO sintética já existe há anos no mercado e é usada para tratar pacientes com insuficiência renal e anemia, aumentando a taxa de glóbulos vermelhos no sangue. O que mudou é que, agora, há maneiras de ensinar ao corpo, graças às técnicas de RNA mensageiro, como produzir naturalmente essa substância. Nada disso ainda foi testado em humanos e não se sabe quais seriam os efeitos colaterais dessa produção extra do EPO no organismo de um atleta. Mas o cientista afirma que o doping genético é, do ponto de vista teórico, possível. Há cerca de dois anos, a equipe de Bruno Pitard testa a injeção do EPO utilizando o RNA mensageiro em primatas, para tratar a insuficiência renal e a anemia. “Inventamos um vetor que não é vetor utilizado no caso da vacinação contra a Covid-19, formado por partículas de lipídios. Nós inventamos uma outra ...
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  • Principais museus de Paris participam de Maratona Cultural Olímpica
    2024/05/06
    Desde a antiguidade, os Jogos Olímpicos são associados à cultura. Mas foi o francês Pierre de Coubertin que retomou a prática na era moderna, incluindo provas artísticas à competição de 1912, como a escultura, a literatura e a pintura. Embora as artes não sejam mais consideradas modalidades olímpicas desde 1949, a partir de 1992 em Barcelona, cada edição dos Jogos passou a inclui um evento paralelo, a Olimpíada Cultural, uma obrigação imposta à cidade-sede. Maria Paula Carvalho, da RFICarine Rolland, secretária de Cultura da capital francesa, explica que Paris 2024 deve organizar o evento cultural bem como o evento esportivo. "Essa foi uma oportunidade fantástica. Foi uma oportunidade maravilhosa de dar vida aos jogos por meio da cultura em uma cidade que está muito comprometida em fazer da cultura um meio de construir a sociedade. Portanto, não se trata apenas de entretenimento, de dizer que durante os Jogos Olímpicos é bom ter outras atividades, além dos eventos esportivos. É uma forma de expressar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos", afirma em entrevista à RFI. "É um momento extremamente importante em Paris. Estamos fazendo tudo o que podemos para que dê certo e a cultura é parte integrante disso", completa. A ideia é aproveitar os eventos culturais para promover vínculos entre a arte e o esporte, incentivar o diálogo entre territórios e ocupar o espaço público reunindo as culturas do mundo.Para isso, Paris conta com a colaboração dos cinco principais museus nacionais: o Louvre, a Orangerie, o Museu d'Orsay, o Centro Pompidou e o Museu du quai Branly. Mas não só. "Temos atualmente dois mil projetos com o selo 'Olimpíada Cultural' Paris 2024. É remarcável", comemora Tony Estanguet, diretor do Comitê de Organização dos Jogos Paris 2024."Em 700 cidades da França, há pessoas que resolveram aproveitar a dinâmica dos Jogos para colocar em evidência a cultura e o esporte em seu território. Há uma riqueza a descobrir e tudo isso vai se acelerar nos próximos dias", informa. "Os cinco grandes museus se mobilizam, os grandes festivais se mobilizam. Do fundo do coração, o meu muito obrigada porque o nosso desejo como organizadores é de celebrar a França, celebrar o esporte a cultura", conclui. Jean-Max Colard, curador de Centro Pompidou, um dos maiores espaços de arte moderna e contemporânea da capital francesa, também falou à RFI sobre a Olimpíada Cultural. "É claro que acho muito importante que uma instituição como o Centro Pompidou participe dos Jogos Olímpicos. É importante que as instituições culturais não estejam ausentes desse evento nacional e internacional e que não estejam simplesmente voltadas para suas próprias agendas ou seus próprios problemas, mas que também estejam abertas às grandes questões e aos grandes momentos que atravessam nossas sociedades", afirma."Implementamos um programa que já começou, pois criamos uma espécie de visita guiada às coleções uma vez por mês sobre o tema. Na primavera (no hemisfério norte), teremos algo extraordinário com o selo da Olimpíada Cultural: um evento que estamos organizando ao mesmo tempo e em total colaboração com os cinco principais museus nacionais de Paris, que estão unindo forças para oferecer ao público uma 'caça ao tesouro'", diz. "É uma maneira bastante interessante de trazer pessoas que se interessam por esporte. É uma forma de levar as pessoas aos museus, de fazê-las ver o local de uma maneira diferente", observa Jean-Max Colard.Uma história do mundoO Museu Nacional de História da Imigração apresenta, até 8 de setembro, a exposição “Olimpismo, uma história do mundo”, que aborda a trajetória social e política das últimas 30 edições. O acervo apresenta 130 anos através de imagens memoráveis, arquivos e fotos de atletas que deixaram sua marca, além de destacar as batalhas e lutas políticas travadas no cenário olímpico desde a organização dos primeiros Jogos, em Atenas. Afinal, os Jogos Olímpicos são também uma maneira de reviver as mudanças das sociedades, suas questões políticas, econômicas e culturais.A mostra explora temas como: a construção das nações, a emergência da cultura de massas, o período entre guerras marcado pela oposição entre o totalitarismo e a democracia, a Guerra Fria, as ondas de descolonização ou as reivindicações das minorias, o compromisso dos imigrantes e as lutas dos países emergentes. O historiador e investigador associado ao Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS), Pascal Blanchard é um dos curadores da mostra. Além de boicotes, que representaram a força política do esporte, ele destaca a fase da descolonização, ainda nos anos 1960, como um fator marcante para o aumento do número de países participantes dos Jogos Olímpicos. “Em 1960 havia poucas nações independentes. Muitos países africanos haviam acabado de se tornar livres do império colonial francês, mas ...
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