• Revolução dos Cravos

  • 著者: RFI Português
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Revolução dos Cravos

著者: RFI Português
  • サマリー

  • Acompanhe aqui várias reportagens em torno dos 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal. Em Paris e em Lisboa, conversámos com resistentes à ditadura portuguesa, pessoas que viveram a repressão, a censura, a prisão, a clandestinidade, a luta armada, o exílio, a guerra e a “Revolução dos Cravos”. Todas as semanas, até ao final da Abril, há novos episódios.

    France Médias Monde
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あらすじ・解説

Acompanhe aqui várias reportagens em torno dos 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal. Em Paris e em Lisboa, conversámos com resistentes à ditadura portuguesa, pessoas que viveram a repressão, a censura, a prisão, a clandestinidade, a luta armada, o exílio, a guerra e a “Revolução dos Cravos”. Todas as semanas, até ao final da Abril, há novos episódios.

France Médias Monde
エピソード
  • O “Cinema de Abril” contado pelo "Capitão Fellini"
    2024/11/21
    Fernando Matos Silva foi um dos nomes do “Cinema de Abril”, quando o cinema retratou a Revolução dos Cravos e se deixou transformar por ela. O seu primeiro filme foi o último a ser proibido pela censura do Estado Novo, depois foi um dos fundadores de um colectivo que filmou as lutas revolucionarias pós-25 de Abril e também desmontou os mitos do “Império” com imagens que rodou às escondidas quando era conhecido como “Capitão Fellini”. Fomos conhecê-lo, à margem de um ciclo sobre cinema revolucionário português, em Paris. Assim que a madrugada “emergiu da noite e do silêncio”, naquele “dia inicial, inteiro e limpo”, Fernando Matos Silva começou logo a filmar com os companheiros que tinham preparado todo o material na véspera. Aguardaram, à noite, em casa, as duas senhas do 25 de Abril e horas depois estavam em frente ao Rádio Clube Português. Eram as primeiras imagens da Revolução dos Cravos, Portugal escrevia história e Fernando Matos Silva filmava as primeiras manifestações de liberdade. E continuou por esses caminhos, os da liberdade, até hoje, aos 84 anos.“A palavra mais gritada era liberdade, liberdade, liberdade”, conta empolgado, fazendo renascer aquelas imagens de um povo exultante que tanto marcaram quem as viveu e quem as tem herdado. A conversa com “um dos cineastas essenciais para compreender o Cinema de Abril” - como resumiu o catálogo da retrospectiva feita pela Cinemateca Portuguesa em Janeiro de 2024 - acontece horas antes de um ciclo de cinema intitulado “A Revolução das Imagens – Revolução e Descolonização em Portugal (1974-1977)” na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris.Esta foi uma homenagem ao cineasta que já participava na “revolução das imagens” em Portugal antes da Revolução dos Cravos e antes da efervescência do “Cinema de Abril”. Fernando Matos Silva foi uma figura importante do Cinema Novo português, o movimento que sacudiu a história desta arte em Portugal.Estudante de Economia apaixonado pelo cinema, bem jovem inscreveu-se no curso de Cinema Experimental do produtor António da Cunha Telles, em 1961, e a ele ficou ligado como assistente em produções como “Os Verdes Anos” (1963) e “Mudar de Vida” (1966) de Paulo Rocha, “Belarmino” (1964)de Fernando Lopes ou “As Ilhas Encantadas” (1965) de Carlos Vilardebó.Estudou, depois, cinema, entre 1963 e 1965, na London School of Film Technique, onde viveu a efervescência das novas vagas cinematográficas. De 1969 a 1971 andou pelos Serviços Cartográficos do Exército na Guiné-Bissau e em Angola, onde conheceu futuros capitães de Abril e onde filmou o que lhe pediam e o que não era suposto.A sua primeira longa-metragem, “O Mal Amado” (1974) foi o último filme a ser proibido pela censura do Estado Novo e o primeiro filme português a estrear após o 25 de Abril.Foi uma filmagem quase secreta, não houve uma única entrevista a não ser no último dia quando filmámos a cena do candeeiro com um beijo muito longo e que é muito bonita. Só nessa altura é que houve uma notificação pública de que o realizador Fernando Matos Silva acabava, naquele dia, o filme “O Mal Amado”. Fiz a montagem, os acabamentos e, em Setembro de 1973, o filme foi para a censura. A censura viu e disse que eu era iconoclasta, destruidor da família, destruídor da Nação, dos bens morais, que era um atentado à família… Depois vieram ameaças, vieram telefonemas, ameaça de destruição do filme…“O Mal Amado”, rodado em Maio e Junho de 1972, era um filme a pensar na revolução... O jornal Público fala dele como “um dos mais extraordinários retratos sociais da panela de pressão que era Portugal nos últimos tempos do regime”. Ainda que o realizador admita que sabia que se estava a preparar algo entre os capitães, não sabia quando, nem como. Pelo menos foi o que disse a uma espectadora no dia da estreia do filme - a 3 de Maio de 1974 no cinema Satélite, em Lisboa. Explicação essa que não a convenceu...É uma história lindíssima. Houve uma senhora de idade, no fim, que disse: “O senhor é que é o realizador da fita?” E eu disse: “Sou”. E ela: “Diga-me lá uma coisa, o senhor já sabia que ia haver a revolução, não já?” E eu: “Quer dizer, eu por acaso no dia 24 estava na Revolução, sabia, mas quando fiz o filme não sabia”. E ela: “Sabia, sabia! Então o senhor até tem o General Costa!” Porque há uma cena muito bonita que são os velhos conspiradores, que sou eu, o meu irmão e o Álvaro Guerra - os autores do filme - a fazerem de velhos e a conspirarem.Foi no dia 24 de Abril que o amigo jornalista Álvaro Guerra lhe ligou para preparar “o jantar”. Ora, “o jantar alentejano” era a senha, entre eles, que a Revolução estava a chegar. Fernando reuniu, então, os companheiros para “o jantar”, prepararam a fita a preto e branco e a Paillard de 16mm, ouviram o “E Depois do Adeus” e a ...
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  • "Revolução dos Cravos": "A libertação das vozes e das utopias"
    2024/04/26
    O livro “La Révolution Des Oeillets Au Portugal – Du pouvoir populaire au pouvoir parlementaire” ["A Revolução dos Cravos em Portugal – Do poder popular ao poder parlamentar"], de José Rebelo e Maria Inácia Rezola, é lançado, em França, na semana dos 50 anos do 25 de Abril. A obra junta reportagens escritas entre 1975 e 1976 por José Rebelo, então correspondente do Le Monde em Lisboa, acompanhadas por uma contextualização histórica. Foi o período da "libertação das vozes e das utopias". RFI: Foi para o exílio, em Paris, em 1969, e entra no jornal Le Monde em 1972. Qual foi o ambiente na redacção no dia 25 de Abril de 1974? E como é que era essa primeira página de há 50 anos?José Rebelo, Autor de “La Révolution Des Oeillets Au Portugal – Du pouvoir populaire au pouvoir parlementaire”: O ambiente foi extraordinário, sobretudo da parte de alguns jornalistas franceses do Le Monde que já tinham ido a Portugal. Penso no Marcel Niedergang que conhecia bem Portugal e tinha as suas fontes de informação em Portugal. Foi ele que se encarregou nesse dia de tratar a questão portuguesa. A questão portuguesa ocupou a primeira página do jornal com títulos a toda a largura, à excepção de 'Bulletin Français' que vinha sempre à esquerda, mas em todas as outras colunas o título dizia respeito à revolução, que não se sabia ainda muito bem como é que ela ia ser dirigida. Mas o que se noticiou logo no dia 25, desde a primeira edição do Le Monde, foi que havia um movimento militar em Portugal e que a queda do regime era iminente.Volta para Portugal quando o Le Monde decide criar o posto de correspondente permanente em Lisboa. Inicia funções em Janeiro de 1975 e conta que a partir daí viveu “o período mais exaltante” da sua vida. Porquê?Exactamente. E é, aliás, por isso que escolhemos este período de 1975 e 76. Durante este período, eu escrevi cerca de 240 artigos e nós escolhemos 53 que consideramos mais significativos. E porquê? Porque 1975 foi o período da explosão popular. Foi sobretudo após uma tentativa de golpe de Estado da direita, o 11 de Março. E aí as posições radicalizaram-se à esquerda. Foi quando começaram as ocupações de casas que tinham sido deixadas pelos proprietários, muitos dos quais fugiram para Espanha, para o Brasil. Foi nessa altura que começaram as ocupações das fábricas que passaram a ser geridas por comissões de trabalhadores. Foram ocupadas propriedades agrícolas no Alentejo, os grandes latifúndios, com a criação de unidades colectivas de produção. O Partido Comunista tinha uma posição forte junto destas comunidades, impulsionando e encorajando essas ocupações. Mas o movimento alargou-se muito, não era só o Partido Comunista. Houve uma multiplicidade de organizações da esquerda mais radical que participavam também neste movimento. E, sobretudo, o que é extraordinário é que havia gente que se manifestava e gente que gritava nas ruas sem pertencer a nenhum partido. Foi uma espécie de libertação das vozes e das utopias das pessoas que pensavam que conseguiam tudo realizar e que se juntavam. Juntava-se um grupo e ocupava, mesmo sem ser com um partido político a apoiar. Nessa altura fala-se muito do poder popular, o poder popular que extravasa as próprias dimensões partidárias.O PREC, Período Revolucionário Em Curso, foi marcado por confrontos políticos e pela rivalidade entre a legitimidade revolucionária e a legitimidade eleitoral. Mas o que é certo é que viu emergir esse tal poder popular que levou a que muitos acreditassem que essa via revolucionária popular pudesse vencer. Sentiu isso?Sim, eu senti. Não estava muito claro o que é que as pessoas queriam efectivamente fazer, qual era o modelo político. Quase que podíamos pensar nesse modelo mais pela negativa do que pela positiva, isto é, pensava-se democracia, sim senhor, mas não na democracia tradicional europeia. Daí que alguns grupos e até mesmo militares fossem apelidados de terceiro-mundistas porque pensavam um bocado naquele sonho do terceiro mundo. Não havia uma ideia muito clara quanto às instituições a criar, mas havia uma vontade clara que era de fazer alguma coisa de diferente. No género de economia directa, das tomadas de decisão por grupos de trabalhadores informais, etc, sem serem enquadrados politicamente. Foi extraordinário. Depois, há uma confrontação entre duas legitimidades: a legitimidade eleitoral, sobretudo pelo Partido Socialista, e a legitimidade revolucionária, sobretudo pelo Partido Comunista. O Partido Comunista, que invocava, para defender a sua posição como expressão da legitimidade revolucionária, a resistência contra o salazarismo e os seus heróis e os anos que passaram na cadeia e as torturas a que foram sujeitos. O Partido Socialista não tinha este passado. O Partido Socialista tinha sido criado na Alemanha pouco tempo antes. O que sucedeu foi que, em 25 ...
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  • “Que força é essa” Sérgio Godinho?
    2024/04/25
    Sérgio Godinho criou canções que são símbolos de liberdade e de resistência, mas não se revê na etiqueta de música de intervenção. Diz simplesmente que se limita a falar da vida. Nos 50 anos do 25 de Abril, convidámos o músico, cantor, compositor, poeta, escritor, actor, “homem dos sete instrumentos”, para falar sobre os tempos da ditadura, do exílio e da criação dos seus primeiros discos. Sérgio Godinho é o nosso convidado desta edição, no âmbito das entrevistas que temos publicado em torno dos 50 anos do 25 de Abril.Foi em Paris que o músico começou a espelhar as dores e as esperanças dos “Sobreviventes” à ditadura portuguesa. Tinha deixado Portugal em 1965 com “sede de ter mundo” e porque estava determinado em não ir para a guerra colonial. Diz que encontrou a sua voz em português em Paris e foi aí que gravou os dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”. Ambos no Château d’Hérouville, onde José Mário Branco gravou “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, em que Sérgio Godinho também participou e onde Zeca Afonso gravou o álbum "Cantigas do Maio", nomeadamente a “Grândola Vila Morena”.Sérgio Godinho esteve nove anos fora de Portugal durante a ditadura. Estudou psicologia em Genebra, trabalhou na cozinha de um barco holandês enquanto atravessava o Atlântico, viveu, entre tanta coisa, o Maio de 68 em Paris e no 25 de Abril de 1974 estava em Vancouver, no Canadá.Cinquenta anos depois da Revolução dos Cravos, vamos tentar perceber “que força é essa”, a da música e a das palavras de Sérgio Godinho, que fazem com que as suas canções sejam parte do imaginário colectivo da banda sonora das lutas do antes e do pós-25 de Abril. RFI: Os seus dois primeiros discos, “Os Sobreviventes” e “Pré-Histórias”, são discos emblemáticos da canção de intervenção. Foram gravados em França. Qual era o estúdio e como é que decorreu toda esta fase? Sérgio Godinho, Músico: Foram gravados em Paris. O meu primeiro disco foi de 71. Quer dizer, gravei em 71. Gravei os dois discos antes do 25 de Abril, “Os Sobreviventes” e depois o “Pré-Histórias”. No “Pré-Histórias” já não estava a viver em França, estava a viver em Amesterdão, mas vim a França para gravar no mesmo estúdio.Eu depois vou falar desse epíteto "canção de intervenção", mas, para já, esse estúdio foi um estúdio que o Zé Mário [José Mário Branco] descobriu. É um estúdio que estava a estrear nos arredores de Paris, chamado Château d’Hérouville, onde também o Zeca [Afonso] gravou e onde se gravou o “Grândola Vila Morena”. Onde os Stones gravaram, o Elton John até tem um disco chamado “Honky Château”, que é uma homenagem, onde muitos depois gravaram porque era um estúdio que estava num sítio isolado e estava-se num bom ambiente.Agora, como parêntesis ou não, quanto a esse epíteto de canção de intervenção, isso é uma coisa que só surgiu a seguir ao 25 de Abril. E também que foi de vida muito curta, mas que deixou uma espécie de rasto como os cometas porque eu nunca compreendi muito bem e nunca me identifiquei muito bem com esse termo, canção de intervenção. Eu acho que é extremamente restritivo. O que é que é intervenção? Nós intervimos a vários níveis, não é?Prefere canção de protesto? Mas pode não ser de protesto. "A Noite Passada", que está no segundo disco, ou o "Pode alguém ser quem não é" não são de protesto. Algumas são canções que têm uma componente social, e até política, mas, sobretudo, são canções que contam o que é a vida e que contam muitas vezes histórias, têm muitas personagens. As minhas canções são canções também de interrogação, de percurso. Há muitas interrogações nas minhas canções. "Pode alguém ser quem não é" ou, nesse disco também, o "Barnabé". “O que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?” é uma interrogação e as respostas são dadas pelas pessoas que ouvem e parte das respostas são dadas por mim.Só para dizer que esse termo pode meter-nos assim numa etiqueta e arrumar convenientemente. Não consigo. Eu tenho canções que falam da vida, de questões sociais, políticas até, e que são canções íntimas. Eu tenho uma canção chamada 'Dancemos no mundo' que é uma canção que foi inspirada numa reportagem que houve na revista Expresso de casais separados por barreiras ideológicas, rácicas, políticas, etc, e do seu desejo de dançarem juntos neste mundo que é só um, no fim de contas, e que tem tantas fronteiras. Portanto, onde é que essa canção se vai posicionar? Isso insere-se nisso tudo, na vida.O disco “Os Sobreviventes” foi logo proibido pela PIDE em Portugal? Não é bem assim. Ele, depois de ter ganho um prémio de melhor letrista da Casa da Imprensa, foi retirado. Ele não foi proibido à partida. Repare que é assim: "Os Sobreviventes", todo "Os Sobreviventes"...
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